TRÊS FORMAS DE CANTAR A PÁTRIA | parte i
A origem do Hymno Patriotico, considerado como o primeiro hino português, remonta ao ano de 1809 e é da autoria do famigerado compositor Marcos António da Fonseca Portugal.
Para assinalar o 42.º aniversário do príncipe regente e sem relegar a recente reentrada das tropas francesas em Portugal – desta feita, comandadas pelo general Soult– Marcos Portugal, mestre da Cappela Real, compusera a patriótica cantata La Speranza ossia l'Augurio Felice para ser estreada, no Real Teatro de São Carlos, precisamente a 13 de maio de 1809. Não desperdiçando quaisquer recursos técnicos e consciente do agrado que tais harmonias causariam no público, o mencionado autor, para concluir a sua obra, optara por escrever um andamento sumptuoso, de ritmo pontuado e de fácil apreensão melódica. Fora tal o sucesso que, no ano seguinte, este último andamento viera a ser autonomizado e denominado de Hymno Patriotico da Nação Portugueza .
Oferecido ao príncipe regente e exprimindo os sentimentos de fidelidade portuguesa ao Rei e à Pátria, também apelidado de Hymno de D. João VI, rapidamente se divulgara e passara a ser entoado, em momentos solenes, até ao ano de 1834 . Com efeito, nesta data, houvera sido substituído pelo posterior Hino da Carta de D. Pedro IV.
Curiosamente, tal permuta não implicara o seu desaparecimento, pois aquando da entrada do infante D. Luís (futuro D. Luís I), como guarda-marinha, para a Academia Real dos Guardas-Marinhas, em 28 de outubro de 1846, acredita-se que tenha sido ordenada a sua execução, por força do espólio cultural que D. Maria II, sua mãe, havia doado à aludida instituição naval.
Na ausência de fontes primárias capazes de comprovarem este facto com total exatidão distanciar-nos-emos da questiúncula sobre quando terá sido tocado, pela primeira vez, na supra citada Academia.
Não obstante, no âmbito do Bicentenário da Companhia dos Guardas-Marinhas e sua Real Academia, em 3 de maio de 1982, por determinação do Chefe do Estado-Maior da Armada – com novo texto da autoria do atual capitão mar-e-guerra Ribeiro Cartaxo e com adaptação musical do então chefe da Banda da Armada, capitão de fragata, Maria Baltazar – o hino foi tocado, pela Banda da Armada, na presença do Presidente da República . A partir de então passou a ser elemento integrante e protocolar do cerimonial da Escola Naval.
CABO B João Andrade Nunes