Bergantim Real

Esta embarcação real, de origem portuguesa, com um comprimento total de cerca de 29 metros, foi mandada construir pela rainha D. Maria I, em 1780, para o casamento do seu filho, futuro rei D. João VI, com a princesa Carlota Joaquina, realizado em 1784. A construção desta embarcação iniciou-se em 1780, sob a direção de Torcato José Clavina, importante construtor naval do Arsenal Real de Marinha. Conta com 40 remos, distribuídos por 78 remadores, sendo cada remo manobrado por 2 remadores, exceto os de proa.  

Esta galeota é a mais ornamentada da coleção do Museu de Marinha, apresentando pormenores desde florões ricamente trabalhados até figuras da mitologia clássica, tudo isto decorado em talha dourada. Ainda à popa, podemos observar esta faustosa camarinha que torna esta galeota ainda mais imponente, com inúmeros pormenores trabalhados à mão, pinturas de paisagens bucólicas e ainda, uma coleção única de espelhos venezianos. 

Esta embarcação participou de forma ativa em momentos que ficariam, para sempre, marcados na nossa história, tal como em 1808, quando transportou a Família Real para bordo da esquadra que a levaria para o Brasil, enquanto Portugal era invadido pelas tropas napoleónicas. Ainda, em 1821, voltou a estar presente, aquando do regresso de D. João VI a Portugal. Anos mais tarde, esta embarcação foi ainda protagonista nos mais diversos eventos solenes que tiveram lugar em Lisboa. Como principais momentos, podemos destacar a sua utilização aquando das visitas de Eduardo VII de Inglaterra, Rei Alberto I da Bélgica, Guilherme II da Alemanha e Émile Loubet, Presidente da República Francesa, alguns dos chefes-de-estado das principais potências mundiais à época.  

O episódio de maior destaque, e que marca também a sua última utilização oficial, foi a visita da Rainha Isabel II de Inglaterra em 1957, época em que Craveiro Lopes era o Presidente da República e António de Oliveira Salazar presidia ao Conselho de Ministros, duas figuras que não olharam a meios e gastos para tornar esta a visita mais extraordinária que já tinha tido lugar em Portugal. No ano seguinte, o Bergantim começou a ser preparado para ingressar na coleção do Museu de Marinha, onde se encontra agora em exposição, no Pavilhão das Galeotas.